Matéria Programável (Argilotrônica)
— Ensaios Hipotéticos sobre a Tecnologia Ybymarense —
1. Conceito inicial
A argilotrônica envolve o conceito de microrrobôs capazes de se conectar e formar estruturas complexas. Cada microrrobô tem o formato de cubo, onde cada lado pode travar fisicamente no microrrobô do lado, bem como se mover, através de eletroímãs, em relação aos microrrobôs próximos.
Cada microrrobô pode ser chamado de “argibô” ou “argibot”, numa junção de argilotrônica e átomo, muito embora os microrrobôs sejam, funcionalmente, mais semelhantes a uma célula biológica do que a um átomo.
2. Tipos de argibôs
Existem cinco tipos de argibôs que compõem qualquer coisa modelada com matéria programável: estruturais, energéticos, reparadores, fabricadores e condutores. Cada tipo tem uma função específica, que estão descritas abaixo.
2.1 – Argibôs estruturais
Os argibôs estruturais foram os primeiros a serem desenvolvidos. São pequenos cubos com arestas e vértices ligeiramente arredondados para facilitar a rolagem nos argibôs próximos. A forma cúbica permite uma área de contato maior, propiciando maior resistência física. Cada face dispõe de oito eletroímãs e de um encaixe bilateral. Veja a ilustração:

Há duas disposições para cada face, com orifício ou com encaixe retrátil.

Três lados possuem o encaixe retrátil e os outros três o orifício.
Os encaixes fixos são quatro em cada face, sendo que dois são orifícios e dois são saliências, de forma a propiciar maior firmeza no encaixe dos argibôs.
Já o encaixe retrátil tem vários pontos de travamento, de forma que os argibôs possam ficar firmemente presos, ou mais soltos como se fossem uma corrente ou malha. Um possível tipo de encaixe está ilustrado abaixo

A ilustração abaixo mostra como funciona o encaixe:

E as disposições de travamento são as seguintes:

2.2 – Argibôs energéticos
Para que a matéria programável possa ter usos práticos, os argibôs devem ser pequenos. Na verdade, quanto menores forem, mais versátil a matéria programável pode ser. Só que a miniaturização gera um problema adicional, que é a energia. Enquanto os argibôs estruturais estiverem na posição de travamento, fixa ou maleável, não há gasto de energia. Entretanto, qualquer mudança de conformação exigirá energia para ser feita, recurso escasso nos argibôs estruturais. Por isso, no interior da “massa” de matéria programável, estão inseridos os argibôs energéticos, cuja função é fornecer energia para os estruturais e para outros argibôs.
Eles devem ser bem maiores que os estruturais e não precisam, necessariamente serem cúbicos. Para carregar a minúscula bateria destes, são usados os próprios eletroímãs. Há oito deles em cada face do argibôs; então podem ser usados quatro para fixá-lo ao energético, enquanto os outros quatro recebem a energia.
Uma possível configuração para argibôs energéticos está ilustrada abaixo.

2.3 – Argibôs reparadores
Por mais resistentes que sejam os argibôs, em algum momento eles desgastarão e quebrarão. Neste caso, entram em cena os argibôs reparadores, cuja função é efetuar pequenos reparos nos outros argibôs. Para isso, devem possuir grande mobilidade e uma forma mais esférica como a mostrada no item anterior é vantajosa.
Algumas faces deste tipo de argibôs devem ser destinadas a ser uma espécie de passagem para as ferramentas que serão utilizadas nos reparos. Se o reparo não puder ser feito localmente, o argibôs defeituoso deve ser levado a um fabricador para ser reparado ou utilizado como matéria-prima para construção de outros argibôs.
2.4 – Argibôs fabricadores
São os maiores argibôs em tamanho, pois servem para reparar ou fabricar outros argibôs. Devem conter espaço para armazenamento de matéria-prima (que pode ser externo) e para montagem de, ao menos, um argibôs estrutural. Podem também fabricar apenas partes que serão montadas externamente pelos reparadores, permitindo que eles próprios possam ser fabricados.
Dada a complexidade de suas funções, podem também ser uma espécie de centro de controle que orienta a conformação e o comportamento de toda a massa de matéria programável.
2.5 – Argibôs condutores
São argibôs que podem se distender ou contém, em seu interior, fios ou tubos flexíveis enrolados. Estes podem ser esticados para transporte de matéria-prima líquida ou, no caso de fios, transmissão de energia ou dados.
Dada sua função altamente especializada, podem não ser úteis em todo tipo de aplicação, mas seriam bastante úteis no caso de construção de algo feito de matéria rígida ou em locais onde haja muita interferência externa na transmissão de dados.
2.6 – Argibôs especiais
Além dos tipos mencionados, podem haver outros, como em forma de lâmina para corte, emissores de laser ou mais resistentes para formar uma proteção ou escudo para outros argibôs mais frágeis. Enfim, as possibilidades são ilimitadas.
3 – Conclusão
Com pôde ser visto, a argilotrônica tem extensos usos práticos, podendo ser usada para formar estruturas automoldáveis, rígidas, flexíveis e outras, cuja única limitação é que sempre será mais frágil que estruturas de matéria rígida.
